Circo Voador: A estreia do picadeiro que marcou a virada democrática no Brasil
Caetano Veloso durante show na estreia do Circo Voador, em 1982 | Foto de Ney Robson/Divulgação
"Uma lona azul-rei cobria o palco de 40 metros quadrados e a estrutura de tubos de ferro, revestida de lonas verdes e amarelas. Lá dentro, rodeado pelo público, um Caetano Veloso "semi-quarentão", vestindo calças de cetim amarelas e camiseta vermelha, compunha o cenário mágico erguido às custas de muito suor e sonho na ponta do Arpoador, um pedaço de paraíso na Zona Sul do Rio. "Este circo está lindo, tem tudo para levantar voo", vaticinou o tropicalista baiano ao microfone, durante um intervalo entre uma canção e outra.
Aquela era a terceira noite do fim de semana de estreia do Circo Voador, um empreendimento que marcou profundamente o verão de 1982 no Rio e, mantendo-se vivo desde então, misturou-se à própria identidade carioca. Um espaço com oficinas e espetáculos, dedicado à cultura de vanguarda, que abrigou grupos de teatro experimental, companhias de dança calcadas na arte circense, coletivos capoeiristas e muito rock n' roll. Bandas antológicas como Barão Vermelho, Blitz e Paralamas do Sucesso estouraram depois de se apresentar debaixo da lona. "