'O Brasil pode virar uma teocracia miliciana, mesmo sem Bolsonaro'
"O Bolsonaro enquanto figura pública e o bolsonarismo como movimento sociopolítico são unidimensionais. Eles não têm resiliência. Pensa, como exemplo, em um jogador de futebol. Quando tem qualidade, pode cortar para um lado para chutar com a perna ruim. Ou seja, ele pode tentar resolver a questão com um drible mais elaborado porque tem essa carta na manga, tem essa qualidade. O bolsonarismo e o Bolsonaro não têm isso. O presidente só consegue fazer a manutenção da proposta política dele com base no ódio e no deboche.
Esses elementos explicam o porquê dele agir dessa maneira. Ele é muito restrito politicamente, assim como os seguidores dele, que são pessoas que nunca leram nada, não estudaram, não têm nenhum tipo de elemento mais elaborado para apontar as suas próprias atuações e que dependem do elitismo histórico cultural, que é uma construção secular. No Brasil, que foi um País colonizado, esse elitismo, organizado em cima de racismo, misoginia e homofobia, tem muita adesão da população. Ele foi consolidado por 350, 400 anos e que começa a ser questionado agora, mas não pode ser alterado em 5, 10, 20 ou 30 anos.
Se a gente fomentar o pensamento crítico e insistir no combate à fragilidade intelectual da população brasileira, talvez em 150 ou 200 anos a gente consiga contestar isso.
O dogma religioso, quando consideramos a adesão dos evangélicos ao bolsonarismo, não permite contestação. Ele prega o seguinte: ‘quem tem que mandar no mundo são homens, brancos e heterossexuais e se você discorda disso você é do mundo, não tem fé, não respeita a família tradicional e tem que ser execrado’."
leia entrevista de Cesar Calejon
feita por Alisson Matos
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