Riem do que, senhores?
Cristina Serra
O vídeo do recente jantar em homenagem a Michel Temer
lembrou-me uma cena do filme “O Poderoso Chefão 3”, o último sobre a
saga da família Corleone, dirigido por Francis Ford Coppola e estrelado
por Al Pacino. A ficção mostra um encontro de mafiosos, num ambiente
cafona e decadente em cada detalhe da decoração: cristais, pratarias,
taças, lustres.
Semelhante também é a disposição dos personagens na cena: senhores
cheirando a naftalina, em torno de uma grande mesa para tratar de
negócios. No caso, aqui, para celebrar o “business as usual”, depois que
Temer afivelou uma focinheira em Bolsonaro e deixou claro quem controla
as rédeas do processo golpista que se desdobra desde 2016.
É
emblemático que o jantar tenha sido na casa de Naji Nahas, mega
especulador que chegou a ser condenado por golpes contra o sistema
financeiro, décadas atrás. Entre os comensais, outros arquétipos da
elite brasileira. Gilberto Kassab, dono do PSD, o partido que “não é de
direita, nem de esquerda, nem de centro”. Poderosos da mídia, juristas,
um médico e um suplente de senador completam a confraria. Na ficção, a
reunião de mafiosos termina mal. Na vida real, Temer e seus convidados
divertem-se a valer.
Nunca um presidente cometeu tantos crimes de responsabilidade contra o
povo. Estamos chegando a 600 mil mortos pela Covid. Doença, desemprego e
fome dilaceram os sonhos de milhões de brasileiros, lançados ao
desespero pelo governo que essa gente ajuda a manter no Palácio do
Planalto. Ainda que mal pergunte, riem do que, senhores?
O GLOBO
O vídeo do recente jantar em homenagem a Michel Temer lembrou-me uma cena do filme “O Poderoso Chefão 3”, o último sobre a saga da família Corleone, dirigido por Francis Ford Coppola e estrelado por Al Pacino. A ficção mostra um encontro de mafiosos, num ambiente cafona e decadente em cada detalhe da decoração: cristais, pratarias, taças, lustres.
Semelhante também é a disposição dos personagens na cena: senhores cheirando a naftalina, em torno de uma grande mesa para tratar de negócios. No caso, aqui, para celebrar o “business as usual”, depois que Temer afivelou uma focinheira em Bolsonaro e deixou claro quem controla as rédeas do processo golpista que se desdobra desde 2016.
É emblemático que o jantar tenha sido na casa de Naji Nahas, mega especulador que chegou a ser condenado por golpes contra o sistema financeiro, décadas atrás. Entre os comensais, outros arquétipos da elite brasileira. Gilberto Kassab, dono do PSD, o partido que “não é de direita, nem de esquerda, nem de centro”. Poderosos da mídia, juristas, um médico e um suplente de senador completam a confraria. Na ficção, a reunião de mafiosos termina mal. Na vida real, Temer e seus convidados divertem-se a valer.
Nunca um presidente cometeu tantos crimes de responsabilidade contra o povo. Estamos chegando a 600 mil mortos pela Covid. Doença, desemprego e fome dilaceram os sonhos de milhões de brasileiros, lançados ao desespero pelo governo que essa gente ajuda a manter no Palácio do Planalto. Ainda que mal pergunte, riem do que, senhores?
O GLOBO