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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, setembro 25, 2021

    Otacílio D'Assunção Costa Barros

     .Olá, amiguinhos...

    OTACILIO D'ASSUNÇÃO COSTA BARROS, o Incrível Ota, foi o primeiro amigo que fiz quando vim para o Rio de Janeiro, no início da década de 70.
    Éramos da mesma turma na ECO (UFRJ, Praia Vermelha) e nos aproximamos pela mesma paixão pelos quadrinhos. Ota respirava quadrinhos, visceralmente, o tempo todo - e ele sempre foi mais um personagem de quadrinhos do que um personagem real.
    Na época ele tinha uma série continuada (que durou alguns anos) onde tudo que acontecia com ele naquela dia (e noite) transformava em quadrinhos. O que acontecia com ele, em torno dele, com as pessoas que conhecia, tudo, todos, iam aparecendo nos traços do Ota. A gente se juntava para saber o que tinha acontecido conosco no universo-Ota.
    Durante a faculdade TODOS os trabalhos escolares eram feitos por ele em quadrinhos, para desespero - e ira - de alguns professores. Ele já tinha alguns anos de carreira, tendo começado aos 15 anos como um dos editores na EBAL!
    Na ECO tínhamos um trio: eu, Ota e Alexandre Raine. Eu ia pouco à faculdade - trabalhava em outras coisas, inclusive o Pasquim - mas havia outros amigos queridos como Tuca Zamagna,
    Com esse pessoal Ota e Pimenta faziam um zine chamado A ROLETA (à qual se juntou gente de fora da ECO, como Sylvio Abreu). Ali nasceram personagens que acompanhariam o Ota por décadas, como Vavá o Ceguinho e a Preta do Leite.
    De nossos papos, Ota e eu, nos jardins da ECO, surgiu tambem a ideia porralouca de trazer para o Brasil uma revista que ele adorava, chamada MAD (e que fora minha curtição na adolescencia).
    E o resto é história....
    Ota, eu, Alexandre, Pimentel, fomos parar na Lapa, na Editora Vecchi, onde Ota não só fez a cabeça de vários moleques (de espirito) com a MAD como impulsionou os quadrinhos nacionais com as revistas de terror como Spektro, além de dar o seu molho editorial especial a Pimentinha, Luluzinha, Spirou, Strumpfs (que voces agora conhecem como Smurfs).
    Ota conhecia tudo de quadrinhos, tanto no téorico - enciclopedia de dados, colecionador impulsivo - quanto na prática do fazer.
    Além do MAD e da Vecchi seguimos colegas de trabalho em outras editoras, no JB, no Pasquim, Salao Carioca, no projeto Love & Rockets.... agora, só o Pimentel tem comigo estrada de trabalhos juntos por tanto tempo.
    Mas, muito mais que colega de trabalho, Ota foi um grande amigo, um dos melhores e maiores e mais queridos que tive. Muitas aventuras juntos (e, sendo o Ota, muitas brigas tambem). Virou amigo de minha familia e minhas parceiras na vida. Participou de minhas duas cerimonias de casamento e foi testemunha no meu processo de divórcio. E eu fiquei imortalizado no poodle Richard Winston Goodwin III.
    E essa amizade vai continuar, mesmo eu sabendo, hoje, que fisicamente ele não existe mais.
    Otacilio foi uma da pessoas que mais geniais, mais loucas e mais criativas que conheci neste mundo. E decerto nos outros também.
    Adeus, macacada!!!


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