Náusea
ESTHER SOLANO
Nojo, repulsa, asco. Nunca pen-
sei que pudesse ter esses sen-
timentos em dose tão gigan-
tescas. Tenho. A cada vez que vejo uma
foto ou assisto a uma live do monstro
no poder, meu corpo sofre uma reação
física instantânea. Náusea. Sinto a ne-
cessidade imediata de vomitar, como
se tivesse de expulsar de forma ime-
diata o que acabo de ver ou de ler. Co-
mo se o rosto do monstro fosse tóxico,
infecto, substância contaminante que
não pode permanecer no meu organis-
mo, pois me fará adoecer. Um câncer,
no fim das contas. Um câncer em me-
tástase no corpo e na mente de um país.
Mente e corpo, ao uníssono, rejeitam o
que se passa no Brasil. É podre demais.
É pútrido demais, pestilento demais.
Mentes e corpos daqueles que não são
fascistoides não estão preparados para
esta quantidade de putrefação. Tirar o
monstro no poder é questão de vida, de
morte, de saúde coletiva, de saúde men-
tal, de bem-estar, de presente, de futu-
ro, de dignidade.