Encontros e perdidos com o primeiro exagerado

"Julio virou presença frequente no apartamento de três quartos onde mãe e pai e cinco filhos (mais a vó materna itinerante e sazonal) se apertavam no Flamengo e ainda enchíamos de amigas e amigos. A aparência estranha para nossos padrões vinha de pressão paterna. Acabara de sair de internação em clínica psiquiátrica pelo uso de substâncias ilícitas (e abusado de lícitas) e deveria andar na linha. Naquele bando encontrou algum refúgio e, em estado de turbulência perene, raciocínio rápido, capacidade de acumular e processar conhecimento, exerceu influência, pregando por uma constante insurreição e estética vanguardista. Anos de chumbo da ditadura, éramos os que acreditavam na revolução contracultural: longos cabelos, LSD, vida em comunidade e na estrada, misticismo orientalista além das igrejas, alimentação natural estavam entre os ingredientes que levariam à radical mudança dos Sapiens. Como sabemos, deu ruim – e piorou ainda mais nessa distopia bolsonarista.
Julio foi dos que mais a sério levou a receita."
leia o artigo de Antonio Carlos Miguel