Bolsonaro e Barros são um só
Bruno Boghossian
Jair Bolsonaro assumiu a responsabilidade pela negociação da Covaxin no momento em que foi avisado das suspeitas sobre aquele acerto. “Se eu mexo nisso aí, você já viu a merda que vai dar, né?”, disse o presidente, segundo o deputado Luis Miranda (DEM-DF).
Tudo indica que a ideia era abafar o caso para evitar um terremoto nas relações entre o Planalto e o centrão. De acordo com o depoimento dado à CPI da Covid, Bolsonaro apontou o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), como provável operador do negócio. Esse enrosco político vai determinar o desfecho da crise e a sobrevivência do presidente.
Bolsonaro e Barros estão amarrados. A CPI ainda vai investigar se os dois eram beneficiários do potencial trambique, se houve mero desinteresse em investigar as suspeitas ou se o presidente deixou o esquema rolar para não atrapalhar o aliado. Em qualquer das hipóteses, o Planalto não conseguirá se desvencilhar sem que o governo desmorone.
O presidente sabe que será impossível despejar toda a culpa nas costas do centrão. Além de já ter se envolvido diretamente no caso, Bolsonaro só continua no poder porque contratou o apoio desses partidos. Romper a aliança, portanto, seria um ato de destruição mútua.Como alternativa, o governo pode buscar um acordo com os caciques do bloco e entregar apenas a cabeça de Barros para tentar blindar o consórcio Planalto-centrão. A jogada é arriscada, porque transformaria o deputado num homem-bomba.
O mais provável, por enquanto, é que os partidos da base governista reforcem a defesa do presidente e exijam que o governo também os proteja dessas suspeitas. As condições do acordo político que une os dois lados, no entanto, pode mudar.
Daqui por diante, a aliança estará submetida a uma tensão constante. Uma falha na estratégia de defesa queimaria os dois lados, e o potencial desgaste do presidente poderia levar os partidos a abandonar o governo. Enquanto a crise se desenrola, Barros e Bolsonaro são um só.
Como alternativa, o governo pode buscar um acordo com os caciques do bloco e entregar apenas a cabeça de Barros para tentar blindar o consórcio Planalto-centrão. A jogada é arriscada, porque transformaria o deputado num homem-bomba.
O mais provável, por enquanto, é que os partidos da base governista reforcem a defesa do presidente e exijam que o governo também os proteja dessas suspeitas. As condições do acordo político que une os dois lados, no entanto, pode mudar.
Daqui por diante, a aliança estará submetida a uma tensão constante. Uma falha na estratégia de defesa queimaria os dois lados, e o potencial desgaste do presidente poderia levar os partidos a abandonar o governo. Enquanto a crise se desenrola, Barros e Bolsonaro são um só.
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