Senhora Abolição: As marcas da mulher que viveu 41 anos trabalhando em condição análoga à escravidão
"Todos os dias quando saía de casa, Ana aproveitava para catar latinhas na rua. A venda do material rendia de R$ 4 a R$ 9, mas o dinheiro não ficava com ela. “Catava muita latinha e garrafa, e ela (a patroa) perguntava: ‘Ana, quanto foi a latinha? Você me empresta o dinheiro?’ Eu dava para ela, não emprestava. Sabia que ela não ia poder me pagar”, disse a doméstica sem mostrar nenhum entendimento do abuso que sofria. “Ela pagava todas as contas sozinha, tinha de comprar a ração dos cachorros e ainda tinha o vício do cigarro. Fazia um sacrifício danado, dizia que não tinha dinheiro, ia atrás de empréstimos. E eu fui ficando para escanteio”, tentou justificar. A patroa ainda sacou parcelas do auxílio emergencial em nome da doméstica."
leia reportagem de LUDMILA DE LIMA>
As marcas da mulher que viveu 41 anos trabalhando em condição análoga à escravidão - Época