Pijama, licorzinho, câmera, ação: o ano em que o cotidiano invadiu o Globo de Ouro
"A sensação deixada por esta edição do prêmio é confusa: a gente encarava esta cerimônia buscando escapismo, uma realidade inalcançável do nosso sofá. E, neste ano, à base de webcams, som cortado, gente de moletom ou pijama e mesas vazias, vimos algo que nos recorda muito as nossas próprias vidas. O Oscar, dizem, poderia seguir uma linha parecida e ser organizado em diferentes lugares e com múltiplas conexões. Só pedimos que, se for assim, os indicados virem levemente o seu computador e abram mais o plano: queremos ver mais deles, menos da cerimônia. Nesta nova ordem em que tudo o que conhecemos foi reduzido ao plano médio de um amigo, de um parente ou de um astro recebendo um prêmio, começamos a olhar além. Talvez, depois desta temporada de premiações, teremos chegado à conclusão de que os objetos decorativos, os quadros, as cortinas, a iluminação e até a companhia que um famoso escolhe para se conectar com uma grande cerimônia de premiação diz muito mais sobre ele do que a roupa que veste. O que está tentando nos dizer a artista que posa diante de um caríssimo piano, em contraposição ao que recebe um prêmio num canto triste do home office, com a tênue luz de uma luminária de mesa? Tanto ou mais, talvez, que o modelo de Valentino, Prada ou Calvin Klein que tantos observávamos até agora. O pijama chegou ao tapete vermelho. Ou melhor, ao que resta dele."
leia crítica de Guillermo Alonso