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    terça-feira, março 30, 2021

    Bolsonaro adoraria o Exército nas ruas, mas ficará satisfeito com tuítes

     Bolsonaro em ato a favor de intervenção militar em 2020 - Evaristo Sa/AFP

    LEONARDO SAKAMOTO

    Jair Bolsonaro quer o Exército participando daquilo que, na sua opinião, é a guerra mais importante da história do país. Evitar milhares de mortes por covid-19? Não, mais importante: a autopreservação de sua família. Para isso, deseja subordinados que não tenham medo de postar comentários não-republicanos nas redes sociais, como adiantei aqui ontem. E de celebrar, sem pudores, o aniversário do golpe militar de 1964, produzindo imagens para circular em aplicativos de mensagens.
    Por mais que ele sonhe com uma tentativa de autogolpe de Estado (o que não pode ser descartada em uma situação de perda de eleição no ano que vem, buscando sucesso onde Donald Trump falhou), sabe que não há conjuntura favorável neste momento.
    Com isso, o bolsonarismo deve ter um reforço no seu principal ambiente de disputa, a internet, com a demissão de Fernando Azevedo e Silva, do Ministério da Defesa, ocorrida nesta segunda (29), e a troca de Edson Pujol, do comando do Exército.
    Quando o presidente reclama que falta "demonstração de apreço do Exército", ele está se referindo, principalmente, a engajamento digital.
    Bolsonaro sempre exigiu um tributo de seus subordinados, que é a defesa dele na mídia e nas redes sociais. Ressente-se que o Exército não faça isso com a frequência de ministros militares, como o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.
    Um tuíte de um comandante do Exército que se meta indevidamente em uma discussão civil tem mais poder do que horas de robôs contratados para flodar com fake news o debate público. Até por que, por trás desse tuíte, há divisões de infantaria e um país com uma cicatriz semiaberta por 21 anos de ditadura militar.
    Basta lembrar a interferência do então comandante do Exército, general Villas Bôas. Em abril de 2018, ele pressionou o Supremo Tribunal Federal, pelo Twitter, a negar um habeas corpus para Lula - o que veio a acontecer. O ex-presidente acabou preso, o que influenciou nas eleições daquele ano. Em entrevista publicada em forma de livro neste ano, Villas Bôas conta que o tuíte foi previamente discutido no comando da força.
    Ou seja, quem despreza a força da propagação do medo pelas redes sociais não entendeu ainda que elas não apenas são uma camada do cotidiano, mas atuam como amplificadores e catalisadores de processos que seriam atenuados se acontecessem offline. E tudo isso alimenta os seguidores fiéis do presidente e ajuda a desestabilizar, a seu favor, a disputa de narrativa da sociedade.
    Ao mesmo tempo, Bolsonaro quer alguém que se disponha ao papelão de celebrar o aniversário do golpe de 1964, o que serve tanto como demonstração de força quanto para a formação de recrutas e novos oficiais que não viveram aquela época. E é no chão dos quartéis, militares e policiais, que está um dos bastiões de apoio a esse governo. E onde um autogolpe de Estado teria mais apoio.
    Vale lembrar, como já comentei aqui, que o Congresso Nacional precisaria chancelar a decretação de um Estado de Defesa (restrição de direitos e aumento dos poderes do presidente em casos de calamidade) por parte de Bolsonaro. Ou seja, pode interrompe-lo em seu nascedouro.
    E deputados e senadores devem autorizar previamente o Estado de Sítio (suspensão de direitos e garantias constitucionais), podendo impedir que ele venha a entrar em vigor. Essas tentativas de Bolsonaro de interferir nas liberdades teriam que contar com o aval do Congresso, sem contar o do Supremo Tribunal Federal - uma vez que a decisão seria rapidamente judicializada. Na atual conjuntura, não estão no horizonte de eventos.
    Mas Bolsonaro quer garantir que a ameaça disso paire sobre a cabeça de governadores e prefeitos para dissuadi-los de adorarem medidas de isolamento social, O que, na avaliação dele, retardaria a retomada da economia e colocaria em risco sua própria reeleição. Os milhares de mortos decorrentes desse processo? Como ele mesmo disse, "todo mundo morre um dia".
    Acuado em março de 2020 com a covid, o presidente apoiou quem apoiava o autogolpe. Um ano depois, usa novamente o golpe sobre o autogolpe para afastar tentativas de removê-lo do poder. É sinal de fraqueza, mas também de estratégia.
    Desde que assumiu, o presidente vem comendo instituições. Receita Federal, Coaf, Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal, de acordo com a necessidade de autopreservação e de seu clã. Agora, é mais um passo nesse sentido, com pessoas mais próximas a ele nas Forças Armadas atuando na construção simbólica desse medo.
    Afinal de contas, ele é o presidente, mas não um líder. Governa na base do grito, não pelo respeito. Esgarça limites ao invés de respeitar a Constituição. E não conta com os fatos reais como aliados, mas com cortinas de fumaça - que usa, sistematicamente, para que o resto do país esqueça seus 315 mil mortos e as denúncias de desvios de recursos públicos envolvendo seu clã.


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