Opinião: Que Bolsonaro saia do poder e entre na lixeira da história
"“Doria fez marketing com a vacina”, reclamam alguns. Meus caros, política não se faz sem marketing, sem cenografia, sem símbolos. Marketing é uma parte essencial da política. Sim, sim, a gente detesta a política marqueteira de Doria, mas vocês acham que a esquerda ganha eleições sem marketing? “Doria está pensando em 2022.” Óbvio. Não era para pensar? Não era para transformar a vacina no grande símbolo eleitoral de 2022 contra um governo genocida? Não era para pensar desde agora numa eleição na qual Bolsonaro pode ganhar de novo? Não deveria a esquerda pensar diariamente em como impedir um segundo turno entre Bolsonaro e a “direita cheirosa”?
Longe de mim defender João Doria e, por favor, não queiram me explicar de quem se trata. Sei perfeitamente quem ele é e o que a sua política significa. Nos últimos dias, as minhas redes sociais foram inundadas por um monte de comentários de homens que se autointitulam de esquerda com a pretensão de me iluminar a respeito das maldades do Doria. O princípio é que, ao me dispor a analisar o feito político da vacinação em São Paulo, eu estaria elogiando o governador.
Eu, socióloga, professora, que dedico a minha vida a fazer pesquisas de opinião sobre sociologia política, moradora de São Paulo, necessito da erudição de um homem branco qualquer que me chama de ignorante ou estúpida porque ignoro quem seja João Doria.
Obrigada, homens brancos, o que seria de uma coitada cientista social que dá palestras em diversos países sem a ajuda de vocês. Como eu queria para todas as meninas deste mundo a autoestima de um homem branco medíocre."
mais na coluna de Esther Solano
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