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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    segunda-feira, setembro 14, 2020

    A reforma administrativa é mais uma tentativa inconsequente de acelerar a destruição do setor público

     

     

    "O recurso encontrado pelo governo pa-
    ra justificar a presumida necessidade de
    arrocho incessante distribuído em inú-
    meras PECs é manipular números para

    alegar explosão de despesas com o fun-
    cionalismo e inchaço do Estado “gasta-
    dor”. São manobras primárias, mostra
    a Associação Nacional dos Servidores
    da Carreira de Especialista em Meio
    Ambiente. “Para justificar a reforma,
    o governo usou a estratégia cherry pi-
    cking, coleta seletiva de dados que con-
    firmem uma tese, mas sem considerar o
    todo composto de informações que pos-
    sam contradizê-las. Como o governo fez
    isso? ‘Esquecendo’ de descontar a infla-
    ção.” Os dados mostrados pelo governo,
    descreve a Ascema, são de gastos com
    salários que saltariam de 44,8 bilhões
    de reais em 2008 para 109,8 bilhões em
    2029, mais que dobrando, portanto, nes-
    sa conta da entidade, mas, considerada a
    inflação, caem para 58,8 bilhões. “O go-
    verno não quer que os cidadãos saibam
    que os gastos com servidores aumenta-
    ram 31% nos últimos 12 anos, em vez de
    145%, uma curva praticamente estável no
    aumento das despesas com pessoal ativo
    do Executivo Federal.”

    Outras alegações econômicas do go-

    verno igualmente não se sustentam,
    mostra a comparação internacional. A
    arrecadação tributária, que alegam ser
    elevadíssima, corresponde a 35,6% do
    PIB, enquanto na média dos países da
    OCDE é de 42,4%, segundo dados de 2015
    da própria organização. Ao contrário do
    que alegam, o Estado brasileiro não é in-
    chado. O total de funcionários públicos
    em relação ao conjunto da população
    ocupada é de 12%, enquanto nos países
    da OCDE é quase o dobro disso, 21,3%,
    de acordo com a mesma fonte. Os salários
    mais polpudos em relação àqueles da ini-
    ciativa privada valem só para um punha-
    do de privilegiados nos três poderes, jus-
    tamente a parcela poupada pela reforma
    de Bolsonaro e Guedes. A grande massa
    de funcionários, 60% a 70%, ganha mui-
    to mal, tão mal quanto a maior parte dos
    trabalhadores do setor privado. •

     LEIA ARTIGO DE CARLOS DRUMMOND

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