Monstros no poder
e os pobres são a causa dos problemas do
Brasil. Não a desigualdade, a onipotência
das grandes empresas e fortunas, tam-
pouco as reformas neoliberais que ele for-
mula. Essas são as soluções. Eu me per-
gunto se pessoas como Guedes, que de-
fende esses argumentos, acreditam real-
mente nelas ou simplesmente replicam
um discurso “economicamente correto”,
a ser seguido custe o que custar, por ser
favorável a elas mesmas, embora saibam
tratar-se de uma mentira. Seja qual for a
opção, é de uma indecência astronômi-
ca defender essas ideias num país como
Brasil, e mais indecente ainda gerir um
Ministério da Economia com base nelas.
Políticos, funcionários públicos na ver-
dade, todos aqueles que cumprem fun-
ções de Estado deveriam passar por uma
prova, um tipo de teste psicotécnico de
empatia. Não deveria ser permitido que
um agente público não tivesse um míni-
mo de sensibilidade social. Um teste no
qual Bolsonaro e seus súditos tirariam
nota zero, obviamente. Em vez de co-
ração, eles têm uma batata, podre ain-
da. Os agentes do mercado, para isso,
são o máximo expoente da insensibili-
dade social. Se Bolsonaro e Guedes, apro-
vada a reforma da Previdência, consegui-
ram emplacar as privatizações e a dimi-
nuição do gasto público, quem se impor-
ta com o aumento da violência, com os
recordes de miséria e desigualdade, com
o desmonte das políticas de direitos hu-
manos, com a fascistização da vida e da
política? Dizem que a justiça é cega, mas
sabemos que, na verdade, ela olha muito
bem, só que sempre olha para o mesmo
lugar. Muito mais do que cega, seria ves-
ga. O mercado, me parece, não é exata-
mente cego, mas psicopata, não dá a mí-
nima por nada que não sejam índices de
Bolsa, dólar, lucro, investimento. O mer-
cado é o mais parecido a um serial killer
que conheço."