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    domingo, agosto 16, 2020

    Como funciona a guerra cultural de Bolsonaro


     

    "Como você faz para traduzir essa Doutrina de Segurança Nacional para tempos democráticos? Tenho duas hipóteses. Uma delas você já anunciou: a militância virtual bolsonarista realiza massacres de reputação com uma violência e virulência inéditas no Brasil. Destruir reputações não é uma novidade, é algo que sempre acompanhou a política. Mas a maneira pela qual, de maneira sistemática, a guerra cultural bolsonarista inventa inimigos em série e realiza rituais expiatórios é uma coisa muito impressionante. Se você pensar no que foi feito com Gustavo Bebianno, o general Santos Cruz, com o próprio Mourão, a Joice Hasselmann, agora com o Moro. De uma hora para outra há uma inversão completa na caracterização do personagem, e a destruição simbólica que eles sofrem é um equivalente de uma eliminação do ponto de vista simbólico e individual. Agora, na narrativa do Orvil, a quarta tentativa de tomada de poder ocorreu pela tentativa de infiltração nas instituições, sobretudo as de cultura: imprensa, arte e universidade. Não é verdade que por trás, por exemplo, da reunião do dia 22 de abril o ministro do Meio Ambiente disse com uma desfaçatez muito impressionante: “Aproveitemos que os olhos da imprensa estão voltados para a Covid e vamos passar de boiada dispositivos infralegais”? Em dado momento, a ministra Damares se vira para o então ministro da Saúde Nelson Teich e diz: “Ministro, o senhor chegou agora no time. No seu ministério há muitos abortistas e feministas, não vamos permitir que as grávidas que contraíram Covid façam aborto”. Isso é inacreditável. O ministro da Educação sugere prender os “vagabundos” do Supremo Tribunal Federal. Todas as ações do governo são de destruição das instituições que correspondem às instituições assinaladas pela narrativa do Orvil como as que pretendem impor o comunismo no Brasil. Quando eles falam em extrema imprensa, a matriz narrativa está no Orvil.

    A tradução inesperada da Doutrina de Segurança Nacional tem como correlata a destruição sistemática das instituições. O que acontece quando você entrega a Fundação Zumbi dos Palmares a uma pessoa que nega a existência do racismo no Brasil e que sugere que o Dia da Consciência Negra seja abolido para a criação do dia da Consciência Humana? É ou não é uma destruição da Fundação Zumbi dos Palmares? Quando você entrega o Iphan, um dos órgãos mais antigos e longevos da precária estrutura de cultura no Brasil, para uma blogueira que se define como “turismóloga” é a mesma coisa. A Fundação Casa de Rui Barbosa, que armazena manuscritos de Clarice Lispector, de Manuel Bandeira, de Otto Maria Carpeaux, de João Cabral de Melo Neto, da nata da literatura brasileira, para uma roteirista da TV Record, a Letícia Dornelles, que não tem qualificação mínima legal para exercer o cargo, é ou não é uma destruição? Quando o ministro da Educação faz com que a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] corte 6 mil bolsas de pós-graduação na calada da noite, é ou não é uma destruição? O CNPq agora lançou um edital de iniciação científica e retirou do edital a área de humanidades. Isto nunca aconteceu em nenhum lugar do mundo. É chocante, mas segue a narrativa do Orvil. Não foram essas as instituições que foram infiltradas por comunistas? Eles não podem, por enquanto, eliminar inimigos fisicamente. Eu não posso ser eliminado fisicamente, mas eles podem destruir a universidade para qual eu trabalho. Se o fizerem, eles estão me eliminando do ponto de vista profissional."


    leia entrevista de João César de Castro Rocha 
    feita por Ciro Barros

    Como funciona a guerra cultural de Bolsonaro

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