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    quarta-feira, julho 08, 2020

    Chegamos ao fundo do poço moral e ficamos acostumados ao lodo


    JOEL PINHEIRO DA FONSECA

    "Cidadão, não; engenheiro civil, formado, melhor do que você." Um total de zero pessoas se surpreendeu ao descobrir que a mulher que disse essa frase (e também o clássico "a gente paga você, filho") —uma carteirada em favor de seu marido— a um fiscal da Prefeitura do Rio é uma bolsonarista fanática e notória pela falta de educação nas redes sociais.
    Seu marido —o engenheiro civil, que se descreve como conservador e anti-PT— recebeu auxílio emergencial. Novamente, zero surpresa.
    Sem máscara, em meio a aglomeração desnecessária e prontos a esfregar seus pequenos poderes na cara de qualquer um que represente um obstáculo à fruição completa de seus apetites mais egoístas.
    É esse espírito que mantém o apoio a Bolsonaro, mais do que o lavajatismo (que já pulou fora), o sentimento "antiestablishment" (Arthur Lira e Kassab que o digam) e o liberalismo econômico (que decerto chegará "na semana que vem").

    O Brasil nunca foi muito diferente disso, mas num passado não tão distante o vício ainda pagava aquele tributo mínimo à virtude, a hipocrisia. Hoje ele pode ser escancarado não só sem vergonha nenhuma, mas até com orgulho: é legal pisar em cima de quem está abaixo.
    Nas previsões otimistas, um tanto ingênuas, feitas no início da pandemia, sairíamos dessa crise mais solidários, purificados pelo esforço em prol do bem comum. Nada disso: sairemos mais dessensibilizados, acostumados a mostras outrora chocantes de descaso e oportunismo.
    A pandemia deixou-nos mais descrentes da possibilidade de uma liderança capaz de unir o país. Motivos para se indignar não faltam.
    Falta um sentido para a indignação; qualquer perspectiva de mudança. Bolsonaro vetou a exigência de máscara em templos religiosos e comércios. Essa decisão causará mortes. Mas é justamente o que esperamos dele, ninguém se surpreende mais.
     
    Usar uma simples máscara de pano por alguns minutos para evitar a morte alheia é um sacrifício pesado demais para quem nos governa, e já sabemos que não mudarão.
    Idem para a vacância na Saúde e na Educação. Kassab nos garante que, de agora em diante, Bolsonaro não criará mais conflitos. Sem dúvida, o fisiologismo do centrão é menos nocivo do que o projeto de poder tirânico de uma seita de olavistas alucinados.
    Mas a seita —que inclui os filhos do presidente— não cessa de atacar qualquer quadro minimamente técnico que ouse participar do governo. É, na prática, impossível que um profissional competente assuma qualquer pasta. Bolsonaro não cairá —tem apoio político para ficar onde está. Mas tampouco vislumbra-se qualquer melhora.
    Sobram, é claro, as promessas de Guedes, que fazem a alegria dos traders. O culto ao egoísmo como virtude, a vitória dos mais espertos no mercado financeiro; não é à toa que estejam otimistas. Ninguém acredita quando ele promete quatro privatizações para daqui "60 ou 90 dias". Não fez no ano passado, quando tudo lhe era favorável. Por que fará agora, quando os ventos sopram contra? O importante é ter algum pretexto para seguir agarrado a um egoísmo autocomplacente, ainda que sem resultado algum —e posar de cidadão de bem e cristão.
    Perdemos, por pura inépcia e voluntarismo, todas as guerras possíveis: da saúde, da educação, do combate à corrupção, da cidadania. Chegamos ao fundo do poço moral e, sem nenhuma escada visível, acostumamo-nos ao lodo. Alunos sem aula, mil mortes diárias, baixaria no Planalto, fake news no WhatsApp, ódio e desrespeito nas ruas: mais um dia normal no Brasil de Bolsonaro.

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