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    segunda-feira, junho 15, 2020

    Os generais em seu labirinto

    Christian Edward Cyril Lynch - Professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj)



    de Christian Edward Cyril Lynch

    Com a escalada da crise política, o general Mourão tem multiplicado suas manifestações públicas. Sua leituras, bem como a transcrição da reunião ministerial de 22 de abril, deixam transparecer a posição dos generais palacianos. Eles se empenham na defesa do governo porque acreditam que, diante da anarquia dos últimos anos, o Brasil precisaria de um “freio de arrumação”, materializado em um experimento “conservador”. Moro era o candidato ideal, mas quis o destino que fosse Bolsonaro.

    Os militares passaram o primeiro ano subalternos dentro da coalizão governamental, face ao protagonismo dos reacionários e dos neoliberais. Em fevereiro, porém, diante da realidade do fracasso, Bolsonaro entregou a coordenação do governo aos generais, tidos como peritos em política e administração.

    Desde a nomeação de Braga Netto para a Casa Civil, os militares acreditam, portanto, ter tomado o poder —e se sentem responsáveis por ele. É essa crença que leva Mourão a apresentar o governo como ideologicamente de “centro-direita”, minimizando o golpismo da ala reacionária.

    Os generais reconhecem que Bolsonaro não passa de um demagogo incapaz, mas precisam dele para o “freio de arrumação”. Ele seria um “Lula da direita”, e Braga Netto seria Palocci. Então, quando o general Mourão diz “deixa o cara governar”, ele está, na realidade, afirmando: “Deixa a gente tentar”. É esse “peixe” da racionalidade político-administrativa que os generais vendem aos líderes do Congresso e aos ministros do STF, quando se encontram a portas fechadas. O golpismo não passaria de “retórica inflamada” para manter a base mobilizada. Afinal, Lula também não mandava chamar o “exército do Stédile”

    A esta altura, já podemos inferir por que os militares relutam em abandonar Bolsonaro. Ficam contrafeitos com o fato de que uma tempestade imprevista —a pandemia— tenha aumentado a chance de um naufrágio, justo quando estavam no comando do navio. Pensam que o carisma do capitão lhes permite tocar a administração, sem a usura que a ocupação direta da Presidência traria à corporação militar como um todo. Crendo que Mourão teria menos condições de conter as “forças anárquicas” da sociedade, ainda veem o “Lula da direita” como a melhor garantia contra o Lula verdadeiro. Eles não descartam, claro, a opção representada pelo vice, mas a guardam para o caso de a situação de Bolsonaro se tornar insustentável. Nem por isso admitem “desordem” das ruas ou pressão de juízes “ativistas”.

    Infelizmente, nossos generais subestimam Bolsonaro. Acham que o exploram para seu projeto, quando é ele que os explora para o seu. Esquecem que, para o presidente, todos os colaboradores são descartáveis. Ao contrário de Lula, um moderado que se fazia de radical, Bolsonaro é um radical incapaz de ser moderado. Assim que a tempestade passar, vai se livrar de Braga Netto, como já se livrou de Santos Cruz, Mandetta e Moro.

    Mais grave, os generais não percebem que, na utopia regressiva de Bolsonaro, não há lugar para o Exército brasileiro. O presidente sonha com um Brasil de “povo armado”, dominado por novos “bandeirantes” que exploram a terra de modo predatório, liderados por uma oligarquia de empresários inescrupulosos. Nele, não há espaço para um Estado que assegure o interesse público, nem para o Exército que detenha o monopólio do exercício da força legítima. Como na Venezuela, as Forças Armadas serão braços das milícias bolsonaristas. Mais do que desarrumação, será um freio de destruição.

    Convido nossos militares a refletirem se, sustentando Bolsonaro hoje, não estariam dando asas à cobra que os engolirá amanhã.

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