JOGO DE ANGOLA - CLARA NUNES
E todo dia, negro fugia juntando a curriola.
De estalo de açoite, de ponta de faca e zunido de bala
Negro voltava pra Angola, no meio da senzala.
E ao som do tambor primitivo, berimbau, maraca e viola
Negro gritava: Abre ala! vai ter jogo de Angola
Ferro de furar, camará; Ferro de furar olê.
Arma de atirar camará; Arma de atirar olê olê
Corpo do negro é de mola na capoeira
Negro embola e desembola
E a dança que era uma festa pro dono da terra
Virou a principal defesa do negro na guerra.
Pelo que se chamou libertação
E por toda força, coragem e rebeldia
Louvado será todo dia
que esse povo cantar e lembrar o jogo de Angola
da escravidão no Brasil
Ferro de furar, camará; Ferro de furar olê.
Arma de atirar camará; Arma de atirar olê olê