Coronavírus e os limites morais do capitalismo

"Em 2016, o Instituto de Pesquisa Estatística Aplicada (IPEA) divulgou estudo no qual projetou o quanto a saúde pública perderia com a entrada em vigor da emenda constitucional do teto de gastos. Os valores são assombrosos: 743 bilhões de reais deixarão de ser destinados ao SUS para que a gula do rentismo seja saciada e o sacrossanto superávit primário seja garantido.
Na época, os defensores da inédita constitucionalização de uma regra fiscal dessa amplitude fizeram pouco caso dos exaustivos alertas sobre o sufocamento que ela traria a serviços públicos essenciais como o SUS, hoje a última trincheira, junto com a ciência, capaz de fazer frente à propagação da Covid-19. “É preciso conter a gastança governamental para atrair investimentos”, bradava a apologética neoliberal enquanto vomitava jargões empoeirados e projeções fatalistas parecidas com as que fizeram recentemente na aprovação da reforma da Previdência. Ainda durante sua vigência a devoção ao deus-mercado seguiu firme, fechando os olhos para prospecções genocidas como a apontada em 2019 pelo trabalho conjunto de entidades como a Fiocruz Minas, o IPEA, a Universidade Federal da Bahia e a Universidade de Stanford, dos Estados Unidos: até 2030, a retirada de recursos do SUS irá aumentar a mortalidade infantil em vinte mil mortes, além de 124 mil internações que poderiam ser evitadas."
Leia artigo de GUSTAVO BARBOSA