Bancos travam bilhões liberados pelo governo para salvar microempresários na crise do coronavírus

"“Quando a gente começou a tentar o crédito para a folha de pagamento, simultaneamente o banco começou a empurrar a renegociação do cheque especial”, relatou Herrera, que teve de renegociar a dívida na modalidade em 60 meses, a uma taxa de cerca de 14% ao mês, ou 379% ao ano, enquanto os recursos liberados pelo governo federal para honrar a folha de pagamento têm juros de 3,75% ao ano, o mesmo percentual da taxa Selic no mês passado (hoje está ainda menor, 3%). “Num momento em que ninguém está recebendo dinheiro nenhum, as lojas estão fechadas, você espera que se tire dinheiro de onde? Se é um crédito emergencial, tem que ter um acesso facilitado, e não é o que está acontecendo”.
Sem contrapartidas claras, os bancos têm liberdade total para escolher quem pode e quem não pode receber o crédito. Para o Idec, a medida “terceirizou o poder público num momento de crise profunda, deixando na mão as famílias e as micro e pequenas empresas”. Foi por isso que, em vez de caírem, “as taxas de juros aumentaram”, diz Amorim. A prática de subir os juros e reduzir os prazos para pagamento, identificada pelo BC no final de março, chegou a motivar uma decisão judicial para coibi-la, em abril. Amorim defende que o crédito em tempos de pandemia não deve ter objetivo de lucro. “É dinheiro público” e, por isso, deveria ter uma tarifa mais baixa."
leia reportagem de =Diego Salmen
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