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    quarta-feira, fevereiro 26, 2020

    Minha impressão sobre o desfile da Mangueira





    JAMILLE NOGUEIRA


    Não vai ser desta vez que sai o Bi. Antes de vê-la entrar, imaginei um desfile de colocar aquela Sapucaí abaixo. Não aconteceu. Faltou a mágica do carnaval, que Mangueira sempre carrega consigo, com dinheiro ou sem dinheiro. Mas, no momento em que ela entrou, vi algo maior, que ultrapassa os muros do maior espetáculo da terra. Não era o campeonato que estava em jogo. Era a tentativa, através da visibilidade do carnaval, de se posicionar. Foi um desfile incômodo, mas do tipo que te remói por dentro. Talvez por isso a plateia não tenha interagido. Cada ala, cada alegoria, mexia com os monstros internos que temos. Não era para dançar junto, apesar daquela bateria de outro mundo, não era para cantar junto, apesar do samba magnifico. Era para refletir. Refletir sobre a mensagem do Cristo, refletir sobre como nos vemos socialmente e como vemos o outro socialmente. Impossível não olhar aquela alegoria do menino da favela crucificado (a imagem deste carnaval), com o corpo cravejado de bala e pensar "o que poderíamos ter feito para que sua história fosse diferente?". Impossível ver um Jesus representado por uma mulher machucada e não pensar em como poderíamos contribuir, socialmente, para que a história de tantas mulheres vítimas de feminicídio fosse diferente. Impossível ver o desfile da Mangueira, com atenção e peito aberto, sem sentir incômodo. Impossível ver o desfile da Mangueira e não pensar "o que eu poderia fazer para ser um ser humano melhor?"

    Não, o caneco não vem. Se tem algum mangueirense esperando por isso, desista. E eu não estou triste por isso, ao contrário. A vitória da Mangueira, este ano, foi algo muito, muito mais grandioso. Quem estava naquela Sapucaí e quem estava sentado em seu sofá na hora em que ela passou, não será mais o mesmo. Ainda que não se deem conta, algo vai mudar dentro deles. A semente foi plantada, mesmo que isso signifique sacrificar o campeonato. Às vezes, é necessário cortar a própria carne por um bem maior. E foi o que a Mangueira fez. Tal qual seu homenageado, lançou-se ao sacrifício para tentar fazer com que as pessoas refletissem e se tornassem seres humanos mais humanos. 

    Em quase 48 anos de vida, nunca, nunca senti tanto orgulho da minha escola!!!! Obrigada, Mangueira, por todo incômodo que me causou ontem. Se amanhã serei uma pessoa melhor, fico te devendo essa.


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