Bolsonaro e Villas Bôas precisam falar da cannabis

"Há dias em que Adriana Villas Bôas não consegue sair da cama, tamanha a dor nos ossos e nas articulações. Às vezes, fica sem enxergar. A filha do ex-comandante do Exército e hoje assessor de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, Eduardo Villas Bôas, tem há 14 anos a doença rara espondilite anquilosante. O general Villas Bôas carrega outra patologia rara: a esclerose lateral amiotrófica. Desde 2016, ele vem perdendo os movimentos e tem dificuldade para falar. Ainda assim, Villas Bôas não se calou recentemente, na defesa da regulamentação do uso medicinal da Cannabis , criticada por Bolsonaro e pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra. Os dois veem no trabalho da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a porta de entrada para a liberação da maconha. Em uma conversa há duas semanas, Villas Bôas foi sucinto ao explicar por que abriu sua cabeça para entender a importância do tema: “Foi por causa de minha filha”.
Aos 34 anos, Adriana Villas Bôas é uma engajada ativista dos portadores de doenças raras. Formada em Direito e estudante de psicologia, ela nunca usou o canabidiol (CBD), um dos principais componentes da Cannabis , por não ter dinheiro — o custo mensal de alguns medicamentos importados gira em torno de R$ 3 mil — e pela burocracia. Atualmente, é necessário requerer a autorização de importação à Anvisa e comprar no exterior. São até seis meses para o medicamento chegar. “Não teria nenhum problema em experimentar. Eu não diria não. Meu pai também pensa como eu. Com o tanto de remédio que eu tomo, já era para meus rins terem parado. Por dentro, meu corpo deve ter 90 anos. Ser contra isso é a maior hipocrisia que existe”, defendeu Adriana, entre um gole e outro de café coado."
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