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    segunda-feira, julho 29, 2019

    Crueldade, deboche e sadismo



    MAURO VENTURA

    Elzita de Santa Cruz tinha 60 anos quando o filho Fernando desapareceu. Em sua peregrinação atrás do rapaz, visitou prisão, escreveu carta para o então chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, tudo sem sucesso. Ela passou os últimos 45 de seus 105 anos sem saber como ele foi assassinado e sem poder enterrar o corpo. Ao falecer mês passado, levou mais essa dor para o túmulo. O advogado Felipe Santa Cruz tinha 2 anos quando seu pai, Fernando, sumiu.
    Filho de Elzita e pai de Felipe, o estudante de Direito pernambucano Fernando Santa Cruz foi preso em 1974 pelos órgãos de repressão, no Rio, e nunca mais foi visto. Tinha 26 anos e era militante da Ação Popular (AP), que combatia a ditadura.
    - Mas ele não era um quadro central da organização - me disse em 2013 Felipe, atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
    O serviço de checagem de fatos do jornal “O Estado de S. Paulo”, Estadão Verifica, reforça essa informação ao dizer que Fernando não era ligado à luta armada.
    Em 2012, 38 anos após o assassinato de Fernando, o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra disse no livro “Memórias de uma guerra suja” que seu corpo foi incinerado no forno de uma usina de açúcar de cana.
    - A revelação de Cáudio Guerra me satisfez - me contou, ainda em 2013, Felipe. - Querer o corpo é uma fantasia, eu queria é o fim da história. É muito ruim a pessoa sair de casa e não retornar. Você fica sempre com aquele vazio. A explicação trouxe um fechamento. Acho desnecessário a esta altura discutir a punição dos militares. Para mim, o importante é virar a página, ou seja, esclarecer. A verdade liberta.
    Oficialmente, porém, o governo brasileiro nunca se dignou a dar explicações para o que aconteceu com o jovem, cuja execução deixou uma mãe destroçada e um vazio na vida do filho de 2 anos.
    Hoje, Bolsonaro falou nas redes sociais sobre Felipe e sobre seu pai: “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto pra ele.”
    Felipe respondeu: “O mandatário da República deixa patente seu desconhecimento sobre a diferença entre público e privado, demostrando mais uma vez traços de caráter graves em um governante: a crueldade e a falta de empatia. É de se estranhar tal comportamento em um homem que se diz cristão. Lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro – e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos.”
    Crueldade, falta de empatia, deboche e, acrescentaria eu, sadismo.

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