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    domingo, abril 07, 2019

    ’Isso não se faz, Ernesto!’

    Ernesto Araújo na posse de Bolsonaro no dia 1º de janeiro. Ele virou chanceler por contar com o aval de Olavo de Carvalho Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS


    "Dois casamentos ajudaram a pavimentar o caminho do diplomata Ernesto Henrique Fraga Araújo, de 51 anos, ao posto de chanceler do governo Jair Bolsonaro. O primeiro foi a união estável com a colega Maria Eduarda de Seixas Corrêa, na época em que serviu, durante os anos de 1999 a 2002, na embaixada do Brasil na Alemanha. O casamento com a filha mais velha do prestigiado embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, duas vezes secretário-geral do Itamaraty (1992 e 1999-2001) e bisneto de Honório Hermeto Carneiro Leão, marquês de Paraná, importante político e diplomata do Império, rendeu a Araújo o ingresso no patriciado da carreira diplomática. As novas conexões familiares valeram ascensão rápida na carreira e boas colocações, sempre em postos no circuito Elizabeth Arden, como os diplomatas se referem às embaixadas nas capitais dos países mais desenvolvidos. Como fazia sempre referências públicas ao parentesco com Seixas Corrêa, Araújo foi logo apelidado como o “genro do sogro” pelas línguas venenosas que proliferam no serpentário do Itamaraty.

    A segunda união providencial foi com as ideias do polemista ultraconservador e autointitulado filósofo Olavo de Carvalho, guru ideológico dos bolsonaristas e avalista da nomeação de Araújo para o comando do Ministério das Relações Exteriores. No Itamaraty, atribui-se a entrada de Araújo no universo do olavismo ao diplomata Nestor Forster, ministro-conselheiro da embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Fã do autor de Jardim das aflições desde a década de 90 e descrito pelos colegas como um “catolicão conservador”, Forster teria apresentado Araújo a Carvalho quando o atual chanceler serviu em Washington entre 2010 e 2014. Hoje, Forster, que já foi cotado para ser o chefe de gabinete de Araújo, é considerado um nome para ter um cargo importante na cúpula do Itamaraty em breve.

    Como prova de um bom faro para o poder, atributo necessário numa carreira onde a bajulação costuma ajudar a subir os degraus da hierarquia, Araújo, de volta ao Brasil, passou a cultivar relações com os bolsonaristas, enquanto Bolsonaro despontava como candidato à Presidência da República em meio à derrocada do governo Dilma Rousseff."


    LEIA A REPORTAGEM DE JULIANA DAL PIVA E GUILHERME EVELIN

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