Com retaliações e esvaziamentos, Bolsonaro asfixia produção cultural -

"Já a paralisia é uma realidade presente. Uma simples consulta ao Orçamento da União evidencia as cifras da penosa lentidão da área cultural. Até 17 de março, o Fundo Nacional de Cultura (FNC) havia pago 8,1 milhões de reais (que inclui a rubrica “restos a pagar”), uma fração ínfima perto do que foi aprovado na lei orçamentária, um total de 1,4 bilhão de reais. O valor executado é ainda menor, 67,3 mil reais. Nem o mais otimista dos otimistas acredita que o governo Bolsonaro possa alcançar minimamente a média de 662,6 milhões de reais que o FNC liberou nos últimos cincos anos.
Tudo se torna mais preocupante se se considerar o fato de que o governo anunciou o cancelamento de apoios tradicionais também das principais estatais, além da Petrobras, BNDES, Caixa Econômica Federal, Correios e Banco do Brasil, entre outras, que têm contribuído decisivamente para o desenvolvimento e manutenção do aparato de companhias artísticas e a produção cultural (festivais de cinema, teatro, dança). Estimados em mais de 130 milhões de reais, esses recursos estão sendo direcionados para outras áreas. Há companhias que enfrentarão sérias dificuldades, outras fecharão (a CEF não investiu um centavo até agora, por incentivo fiscal; o mesmo acontece com os Correios e o BNDES).
Com receio de sofrerem perseguição política, alguns grupos e companhias que recebem patrocínios estatais alegaram agenda lotadas ou que ainda não gostariam de se manifestar publicamente sobre o assunto."
leia reportagem de Eduardo Nunomura e Jotabê Medeiros
Com retaliações e esvaziamentos, Bolsonaro asfixia produção cultural - CartaCapital