Paulo Guedes contra o liberalismo: A história mostra que uma onda de ódio só chega ao poder quando normalizada

"O historiador inglês Ian Kershaw, um dos maiores especialistas no nazismo, afirma que Von Papen convenceu seus colegas da direita tradicional, e em especial o presidente Hindenburg, dizendo que Hitler estava totalmente sob seu controle. Von Papen não teve controle algum: virou um vice-chanceler decorativo, teve seus principais colaboradores eliminados e, por fim, foi demitido, tendo sido relegado às embaixadas da Áustria e da Turquia.
Kershaw vai além e afirma que é possível que, sem Von Papen, o nazismo não tivesse sido mais que uma moda: “Se as elites não tivessem feito essa aposta insana em janeiro de 1933, Hitler e seu partido provavelmente teriam caído no esquecimento da História.” De fato, nos anos 20, o Partido Nacional-Socialista não fazia nem traço nas eleições gerais. Foi só a partir da crise econômica de 1929 que sua popularidade começou a subir. Seu ápice eleitoral ocorreu em julho de 1932, quando chegou a ter mais de 37% dos votos. Apesar disso, naquele momento a direita tradicional se recusou a nomear Hitler chefe de governo. Quando uma nova eleição ocorreu em novembro de 1932, o nacional-socialismo já demonstrava sinais de declínio, tendo obtido dois milhões de votos a menos que na eleição anterior. Foi então que Von Papen atuou como operador da naturalização da barbárie, tornando o governo Hitler viável. Todo o resto – a guerra, o totalitarismo e o Holocausto – foram desdobramentos de uma tragédia anunciada."
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