Cruvinel: Um ponto ausente
"Em parte, a desilusão tem a ver com “comida”, vale dizer, com a crise, o desemprego, a queda na renda etc. A causa maior da grande rejeição a Temer, apurou o Datafolha, é o fracasso econômico de seu governo. Afinal, disseram ao povo que, tirando Dilma, tudo iria melhorar. Tempo bom, na memória coletiva, foi o de Lula. Segundo o Datafolha, para 32% dos entrevistados ele é o candidato mais preparado para tirar o Brasil da crise e acelerar o crescimento. Isso explica que o não-voto cresça de 13% para 34% quando o nome dele é excluído da lista de candidatos.
Mas não é só a incompetência que gera a descrença. Em 2013, a economia cresceu 2,3% e o desemprego foi de 5,4% e mesmo assim as ruas rosnaram, rejeitaram políticos e partidos, derrubaram a popularidade de Dilma e disseram coisas como “vocês não nos representam”. Ou “não é por R$ 0,20”. Era por algo mais: por uma democracia que funcionasse, onde os representantes fossem leais aos representados.
O “algo mais” que todos querem é não ser massa eleitoral a cada dois anos, é um mínimo de decência e coerência dos eleitos, e é também ter mais voz ativa nas decisões. Mas, até agora, este mal estar com o sistema político não mereceu a atenção dos candidato."
mais na coluna de TEREZA CRUVINEL