Vídeos de assédio na Copa da Rússia levantam a questão: o que isso diz sobre nossa sociedade?

"O debate em torno do caso e as justificativas dos envolvidos revelaram ainda outras nuances. Ao se defender da reação ao vídeo, um dos participantes afirmou que “fosse na favela ou no carnaval, isso seria considerado normal”, culpou o álcool em excesso e ainda frisou que quem estava no vídeo eram “pais de família” e “trabalhadores”. Para Marcia, esse tipo de resposta evidencia uma recusa em reconhecer um desvio inaceitável no ato, independentemente de local e circunstâncias.

Publicidade

— Discursos como os que usam o termo “chefe de família” reforçam a imagem de que esta é uma “gente diferenciada”. Ao usar esse recurso, o agressor procura aliados, homens da mesma condição social, que também vejam isso como uma falha episódica — avalia a professora, ao lembrar que os sujeitos apresentados como líderes da família são simultaneamente infantilizados em outro tipo de discuso minimizador, que reduz o assédio a “falta de maturidade”, “molecagem”, “brincadeira”."

LEIA A REPORTAGEM DE GUSTAVO AUTRAN E LUIZA BARROS