Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital.
Desagua douro de pensa mentos.
sábado, junho 30, 2018
Racha no Supremo: se fosse um time, Corte teria caído na primeira fase da Copa
por Diego Escosteguy
O GLOBO
BRASÍLIA — Parece faltar equilíbrio emocional ao time, especialmente
nos jogos penais. O vestiário está em briga. Ninguém se entende dentro e
fora de campo. Há apenas defesa e ataque; o meio-campo não existe. Os
resultados da última semana, sobretudo a soltura do petista José Dirceu,
provocaram a ira da torcida. Que, vá lá, já não estava com tanta
paciência assim — são meses e meses de resultados frustrantes. Nas
arquibancadas das redes sociais, muitos voltaram a pedir a saída de
metade do time titular. Os criticados, por sua vez, reclamam que não
podem jogar para a torcida. Ainda assim, todos vaiam a instabilidade do
time: nunca se sabe como ele jogará. Nos
rachões de terça e quinta, a Primeira e a Segunda turma exibem estilos
opostos de jogo. A Primeira, liderada por Luís Roberto Barroso e Luiz
Fux, é uma potência no ataque. Para marcar, porém, eles precisam dos
passes da procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, uma atacante com
menos vocação para o gol do que seu antecessor, Rodrigo Janot. A
sintonia fina entre a Primeira Turma e o Ministério Público é criticada
por quem entende do jogo, nas mesas redondas de Brasília.
A
Segunda Turma mudou sua proposta de jogo desde a chegada de Dias
Toffoli: passou a atuar em função da defesa. Vale carrinho, bicuda para o
alto e até tesoura nos adversários. Não há procurador ou delegado que
fure essa retranca, para desespero da torcida. Às quartas, no campo do
plenário, os dois estilos enfrentam-se. Falta fair play, a torcida quase
nunca entende o esquema tático e os jogos mais importantes terminam
somente na prorrogação, com vitórias magras de um dos lados. Ainda
assim, não raro muda-se o resultado no tapetão. Como pedir paciência à
torcida? Uma avaliação dos 11 do Supremo:
O time do Supremo
Goleiro:Gilmar MendesGilmar Mendes. Gigante. Nenhuma bola do Ministério Público passa por ele
- venha de Curitiba, venha do Rio, venha de São Paulo. Espalma sempre
para a defesa. Acredita estar salvando o time com suas atuações. Muito
criticado pela torcida.
Zagueiro:Ricardo LewandowskiBeque das antigas, tira a bola dos procuradores sem dar carrinho, com muita data vênia. Dá cobertura quando Toffoli erra no meio e impede os avanços do MP antes que cheguem a Gilmar. Atuações sólidas e regulares desde o julgamento do mensalão. Não falha.
Zagueiro: Marco Aurélio MelloJoga sozinho e perde bastante a bola, mas nunca sai do time. Às vezes, é solidário com a defesa: revogou um dos quatro mandados de prisão de Eduardo Cunha na semana passada. Atua isolado na Primeira Turma, onde não consegue conter as investidas de um ataque forte.
Lateral-esquerda: Rosa WeberDiscreta. Sempre joga para o time, mesmo quando discorda do esquema tático. No julgamento do habeas corpus que poderia impedir a prisão do ex-presidente Lula, recorreu mais uma vez ao senso de coletividade. Sacrificou seu entendimento pessoal sobre a prisão após a segunda instância (é contra) para manter a unidade do time, que já havia votado três vezes a favor da medida.
Lateral-direito:Alexandre de
MoraesSubiu há pouco das categorias de base e ainda enfrenta a desconfiança da torcida. Por enquanto tem apoiado bem o ataque, como no caso do HC de Lula. Mas muitos no time acreditam que, com o tempo, ele deve se deslocar para a defesa.
Volante: Dias ToffoliSeu jogo só cresce desde que entrou no time, no julgamento do mensalão. É o que mais ajuda a defesa - um Casemiro dos advogados. Dificilmente um passe de ataque do MP passa por ele. Tem repertório criativo para o desarme. Na semana passada, tirou a bola de dentro do gol para soltar José Dirceu: concedeu habeas corpus de ofício, sem ser provocado - um expediente raro e questionável, no qual foi apoiado por Gilmar e Lewandowski. Como não há VAR na Segunda Turma, o MP ficou no preju. Suas atuações recentes serão premiadas com a braçadeira de capitão em setembro, quando vira presidente do tribunal.
Meia: Celso de Mello
Jogador
mais experiente do time, procura dar tranquilidade ao conjunto. Ocupa
há 25 anos a mesma posição. Volta às vezes para ajudar a defesa, mas não
perdeu a vocação de gol, como se viu nos primeiros julgamentos da Lava
Jato, em junho. Votou pela condenação de dois parlamentares. Joga limpo.
Meia:Cármen LuciaAtual capitã. Perdeu o controle do vestiário após atuações instáveis contra PT, PSDB e PMDB, nos últimos meses. Marco Aurélio reclamou na semana passada que ela está prendendo desde dezembro a bola da prisão em segunda instância - aquela que, se rolar novamente no campo do Supremo, pode resultar na soltura de Lula e outros condenados na Lava Jato.t
Ponta-esquerda:
BarrosoEntrou há pouco no time, mas já conquistou amplo espaço. Tem ótimo passe e tabela bem com Fux e Fachin. Enfrenta sem medo qualquer defesa - até a do presidente Michel Temer, no inquérito dos portos. Companheiros de time reclamam que ele joga para a torcida, não para o coletivo. Peitou o goleiro em público, o que ajudou a rachar o time.
Ponta-direita:FuxMata no peito. Organiza o ataque junto a Barroso e Fachin, na Primeira
Turma. Fala bastante, dentro e fora de campo. Como seus colegas de
ataque, atua em sintonia frequente com o MP - estilo de jogo que provoca
críticas da defesa, que cobra dos três distância e independência em
relação aos procuradores.
Centroavante:
Fachin
Mata
no peito. Organiza o ataque junto a Barroso e Fachin, na Primeira
Turma. Fala bastante, dentro e fora de campo. Como seus colegas de
ataque, atua em sintonia frequente com o MP - estilo de jogo que provoca
críticas da defesa, que cobra dos três distância e independência em
relação aos procuradores.