Os gays sempre foram plataforma de fascistas
"As
pessoas estão doentes de ódio, que no mínimo respinga em cada um de
nós. É contagioso, se alastra, se entranha em todo canto. Da internet à
buzina raivosa do carro. Estamos atravessados de ódio e isso está nos
impregnando de ignorância violenta e burra. Ódio não sabe ver arte, por
exemplo, é sua antítese. Postaram a foto de um quadro onde havia adultos
abusando de uma criança, acusaram a pintora de pedofilia, falaram o
diabo, no entanto quem pintou foi a criança, que, já adulta, precisou
denunciar o que sofreu. Por essas e outras o pensamento faz tanta falta,
o exercício de pensar, contextualizar, de ler as camadas de
significados. Ver é chocante, mas onde está escrito que a arte não tem
também, e talvez até principalmente, como função incomodar e nos
revelar? É afinal, a representação do que somos, do que vemos no mundo,
nosso reflexo, nosso paradoxo, nosso infinito e nossas inúmeras
limitações. E não somos essa belezura exigida cinicamente pelos que se
dizem capazes de eleger o bom e o ruim, o que deve e o que não deve ser
visto nos museus ou nos palcos. Somos um pacote e esse pacote pode ser
muito surpreendente, porque o ser humano é muito mais complexo do que
uma tabela, um cadastro, onde você marca com um xis ou o F ou o M. O
preto ou o branco. O sim ou o não. Temos nuances, lacunas. Somos
arco-íris e somos furta-cor. Mas, sobretudo, somos donos intransferíveis
de nossas cores ou de nossa palidez."
LEIA COLUNA DE ZELIA DUNCAN
LEIA COLUNA DE ZELIA DUNCAN