Eclipse
Eu, dez anos, parado à beira de uma estrada, interior dos EUA, vendo através de películas de fime cobrindo os olhos o sol desaparecendo lentamente.
Quando foi engolido e a corona resplandeceu um silêncio profundo caiu sobre tudo, no meio de uma escuridão estranha.
Naquele momento, lamentei não estar num caldeirão fervente atiçado por canibais africanos, para ser salvo pelo alinhamento dos astros, em meio ao pavor incutido pelo estranho fenomeno entre os selvagens. Me ergueria esbravejando da água, como se eu mesmo mesmo estivesse comandando as esferas celestes, enquanto as hostes tremulas se prostravam ao chão como se eu fora uma nova divindade.
Aí o sol voltou a brilhar. Foi o pensamento que me ocorreu, garoto encharcado pelos livros de aventuras, quando vivi meu primeiro eclipse total.