A livre negociação vira regra

"A livre negociação vira regra. Poderá haver acordos com dispositivos à margem das regras de hoje, por exemplo, uma jornada de até 12 horas diárias. Dos 17 mil sindicatos, 87% jamais fizeram convenções coletivas, e dá para imaginar de que lado estará a vantagem na mesa negociadora. Cria-se o regime de trabalho intermitente, em que a pessoa fica à disposição do patrão por X horas, mas só recebe pelo tempo trabalhado. É como se um médico de plantão só ganhasse ...em caso de cirurgia. Os contratos temporários, limitados a 90 dias, irão a 120 prorrogáveis por mais 120, com direitos do tipo férias e seguro-desemprego dispensáveis.

O representante dos empregados perante a empresa não terá mais de ser sindicalizado e a homologação das demissões não precisará mais de carimbo sindical, dispositivos aptos a distanciar trabalhador e sindicato. O fim do imposto sindical obrigatório colabora com o enfraquecimento das entidades laborais. A Justiça do Trabalho torna-se quase irrelevante, pois a lei perde importância, diante da primazia de acordos. E se a pessoa recorrer a alguma das 1,5 mil varas trabalhistas, terá de pagar as custas caso perca o processo. Um baita desestímulo a ações."

- ANDRÉ BARROCAL