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    sábado, outubro 22, 2016

    Minhas páginas antigas: a balada de Bob e eu



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    "E aqui estavam os outros poderes mágicos de Robert Zimmerman: ele me oferecia poesia e prosa, alternadamente, disfarçadas e embutidas em suas paixões por folk, country e blues. Ou melhor: ele usava (e usa) as molduras de folk, country e blues, que por si mesmas já têm, simultaneamente,  tradições narrativas e impressionistas, e as punha em torno dos temas da sua geração, que a minha pegava de rebarba. Folk, country e blues sempre contaram histórias ou captaram sentimentos. Dylan fazia o mesmo enquanto documentava a eclosão, explosão e progressiva maturidade da mais vasta geração do século 20. (Mas ele sabia que ninguém cantava os blues como Blind Willie McTell…).

    Ao longo de cada novo álbum (minha aquisição seguinte, muito mais ambiciosa, foi Blonde on Blonde, na versão norte-americana) Dylan ia alimentando minha alma de escritora com detalhes, truques, ossos do ofício. Eu ouvia, ouvia de novo, me detia sobre um verso, sobre outro. Dylan me ensinava como expressar e como omitir, como transformar raiva e desprezo em algo bem mais complicado em “Like a rolling stone”, ou como desenhar amor e paixão com todas as suas ambiguidades, de “Just like a woman” ao  dilaceramento completo que é todo o Time Out of Mind.

    Era livro e era também cinema, como aquele súbito plano geral ao final de “All along the watchtower”, onde também se revela que ele estava contando a história toda de trás para frente. Ou “A simple twist of fate”, que vem completo com protagonistas e coadjuvantes, uma trama em três atos e detalhes de cada ambiente"

    mais no artigo de ANA MARIA BAHIANA


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