Matheus Nachtergaele lê Fernando Gabeira
Matheus Nachtergaele lê Fernando Gabeira
GABEIRA — Tínhamos tirado o possível naquele momento. Cada hora saía um pouquinho. Rasguei meu passaporte, sabia que estava queimado pro resto da vida. Ficou foi uma gaveta que acabou comprometendo. Nesse instante os caras da cobertura viram as metralhadoras do lado de fora e eu fechando a casa. Então pararam o carro, entrei, e saímos juntos. Os policiais iam narrando o movimento pelo rádio. Como sabiam que o Embaixador tava no carro da frente colocaram metralhadoras pra cima do nosso carro. A gente também colocou nossas metralhadoras pro lado de fora do carro. Descemos toda a Barão de Petrópolis cada um olhando pra metralhadora do outro.
GABEIRA — È. O carro do Embaixador no meio, um carro nosso na frente e atrás, e mais atrás ainda um carro da polícia. Tudo junto! O cortejo só parou pra me apanhar. Chegou um momento em que paramos num sinal e eles colaram o carro do lado do nosso. Ficamos nos olhando com as metralhadoras mas ninguém atirou. Ninguém quer dar o primeiro tiro.
Ziraldo - Que aí morre o Embaixador.
GABEIRA — Quando o sinal abre, seguimos todos, e eles se perdem
.
Ziraldo — O que foi, desistiram?
GABEIRA — Disseram que furou o pneu.
Ziraldo — A imprensa os acusou de incompetentes.
GABEIRA — Não acho que seja esse o problema. Imagina você como um policial a nível de sargento ou tenente. Gostaria de ter a responsabilidade de que aquilo caísse nas suas mãos? É melhor deixar que o pneu fure e passar pra outro. Ali não havia possibilidade de heroísmo. Que tipo de heroísmo poderia haver se morressem todos os caras mais o Embaixador Americano?
episódio onze: Gabeira
reprise domingo às 11:00
Canal Brasil