O estudante eunuco

"E um exemplo mais entre milhares: uma professora de Direito na Universidade Harvard escreveu um artigo no ano passado lamentando a pressão que recebia do corpo discente para que não desse aulas sobre como a lei responde a casos de estupro. A professora, Jeannie Suk, comparou essa atitude com uma tentativa de ensinar cirurgia a um estudante de medicina sem expô-lo à angústia de ver sangue.
Segundo Suk, as entidades estudantis se opunham às aulas sobre a lei e a violência sexual porque temiam que a experiência poderia se tornar “traumática”. E aqui, aparentemente, está o xis da questão. O líder estudantil que falou na BBC explicou que o objetivo da censura era sempre dar prioridade “à segurança” dos universitários. Um artigo recente escrito pelos acadêmicos na revista The Atlantic, dos Estados Unidos, aprofundou o tema. Explicou que para os que seguem essa nova corrente a meta final era proteger “o bem-estar emocional” dos estudantes, transformando os campus em “lugares seguros” onde “jovens adultos estão protegidos contra palavras e ideias que os façam sentir-se incômodos”. “Está sendo criada uma cultura”, acrescentava o artigo”, “na qual todo mundo tem de pensar duas vezes antes de abrir a boca”.
Alguém que optou por não abrir a boca nunca mais em eventos estudantis é o famoso comediante norte-americano Chirs Rock, que construiu uma brilhante carreira à base de ridicularizar tabus raciais, sexuais e políticos. Rock, que é negro, disse em uma entrevista recente que já não vai às universidades porque são “conservadoras demais”. Sua principal preocupação, afirmou, é “nunca ofender ninguém”.!
leia o artigo de John Carlin >>
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