Casamento como ato político na ditadura

"Inês Etienne Romeu, condenada à prisão perpétua em 1971 e única sobrevivente da Casa da Morte, em Petrópolis, um dos mais cruéis centros de tortura do regime, se casaria com Jarbas Silva Marques, condenado a sete anos de cadeia depois de passagens não menos dramáticas pelos porões da ditadura. Ela tinha 33 anos; ele, 32. Trocaram alianças em 26 de novembro de 1975, já no governo do general Ernesto Geisel. O clima de tensão acinzentava ainda mais aquela quarta-feira chuvosa.
— A chegada dos noivos foi diferente, a Inês estava sorrindo, apesar da tensão. Ela vinha pelo corredor no meio de uns vinte policiais com metralhadora, o ambiente era pesado, cinza, os PMs são cinzas, mas ela no meio, destoando, muito bonita — disse Scharfstein, na época estudante de economia.
Pouco antes do casamento, o camburão parou na porta do presídio Esmeraldino Bandeira, em Bangu, para pegar Jarbas. Em seguida, fez uma segunda parada no Talavera Bruce, também em Bangu, e Inês entrou. Não se viam desde 1963, quando se conheceram no Butcheco, em Belo Horizonte, bar frequentado pela esquerda mineira e do qual Inês era uma das sócias."
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