Sacrifício filial
Novamente, reações escandalizadas do público, principalmente entre os pudicos americanos, diante de ocorrência no episódio de Game of Thrones desta semana. Gente deixando de acompanhar o programa de TV e tal.
(E se você não quiser saber ainda do que se trata, PARE de ler por aqui.)
Foi fato chocante, é vero - sabíamos que iria acontecer mas até a última labareda querendo que não - mas foi um recurso narrativo válido e de acôrdo com os personagens envolvidos. GoT, como toda grande história de fantasia, bebe nas epopéia épicas da nossa História de histórias, onde sacrifícios extremos levados por ambições de poder - ou mesmo por motivos práticos - acontecem.
Mesmo que o sacrifício seja imolar seu propria ou sua própria filha.
Ana Pinta já escreveu aqui sobre as referências bíblicas.
Lembremos também dos gregos (os maiores especialistas em Tragédia).
E de Agamenon (o rei de Argos, não o Mendes Pedreira) sacrificando sua filha Efigênia para ser favorecido pelos deuses e receber bons ventos que levassem sua frota até Tróia.
Acharam doloroso acompanhar a fofinha da Shireen sendo levada inocentemente até a pira de sua fogueira? Imaginem o que se passa pela mente da coitada da Efigênia. Seu pai lhe disse que iria se casar com o grande herói Aquiles. No dia das núpcias, com grande grupo reunido, à medida que ela vai caminhando, paramentada de noiva, em direção ao altar, percebe que o altar ao qual se dirige é um local de sacrífício humano!
Para os que agora odeiam Stannis Baratheon, um possível consolo. Assim que voltou de Tróia, Agamenon foi morto violentamente por sua esposa Clitemnestra e o amante dela. (Morte que foi vingada pelo filho Orestes - não o Barbosa - mas aí é outra história e outra tragédia.) Valar morghulis.