Quais são os papéis e os limites do humor nos dias de hoje? Estas e outras questões fazem parte da exposição “Traço Livre”, cuja estreia acontece no próximo dia 4, na Galeria Scenarium, localizada na Rua do Lavradio, nº 15. Com curadoria de Ana Pinta e Ricky Goodwin, a mostra terá 24 obras, divididas entre chargistas e ilustradores/artistas gráficos, de diversas gerações e estilos, e traz uma reflexão sobre o papel do humor no mundo atual. “Muitas coisas estão perdendo a graça e o riso pode se transformar num gesto perigoso”, afirmam os curadores
A ‘Traço Livre’ é uma exposição variada e abrangente, com desenhos em papel, pintura em tela, xilogravura, além de uma obra tridimensional. A mostra conta com grandes nomes das artes gráficas, como Ziraldo, Jaguar, Claudius, Chico Caruso, Aroeira e Rubem Grillo.
A motivação central da exposição são os fatos relacionados com o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo, ocorrido no começo do ano em Paris. “O atentado teve grande repercussão em todo o mundo, o que gerou um impacto profundo entre a classe dos humoristas gráficos brasileiros, que mantém relações com a redação do Charlie desde os tempos do Pasquim. Muitos artistas brasileiros foram influenciados pelo humor cáustico e o traço anárquico de artistas como Wolinski (assassinado nesse atentado), Reiser e Siné”, afirma Ricky.
O objetivo da exposição é ir além do noticiário imediato, apresentando temas peculiares à própria criação e publicação do humor gráfico, como a linguagem da sátira, a liberdade de expressão, a força de uma piada, os limites do humor, etc. De acordo com os curadores, a mostra possui um caráter histórico, onde o visitante pode conhecer o registro de uma classe de artistas atingida em seu cerne e que reage através do humor e da criação.
“As obras expostas representam a documentação de uma volta por cima, de uma recusa à intimidação, um recorte do poder da arte. A exposição está num local histórico, onde os personagens são os próprios artistas, representados pela figura do Lápis, fio condutor da mostra, mas que falam de todos nós que apreciamos as artes. Como diria Vinicius, se estivesse por aqui: ‘Mais que nunca é preciso gargalhar’”, afirma Ricky.