Vou ter saudades do MUJICA:
"Parece que as coisas tomam autonomia e essas coisas
subjugam os homens. De um lado a outro, sobram ativos para vislumbrar
tudo isso e para vislumbrar o rombo. Mas é impossível para nós
coletivizar decisões globais por esse todo. A cobiça individual triunfou
grandemente sobre a cobiça superior da espécie. Aclaremos: o que é
"tudo", essa palavra simples, menos opinável e mais evidente? Em nosso
Ocidente, particularmente, porque daqui viemos, embora tenhamos vindo do
sul, as repúblicas que nasceram para afirmas que os homens são iguais,
que ninguém é mais que ninguém, que os governos deveriam representar o
bem comum, a justiça e a igualdade. Muitas vezes, as repúblicas se
deformam e caem no esquecimento da gente que anda pelas ruas, do povo
comum.
Não foram as repúblicas criadas para vegetar, mas ao
contrário, para serem um grito na história, para fazer funcionais as
vidas dos próprios povos e, por tanto, as repúblicas que devem às
maiorias e devem lutar pela promoção das maiorias.
Seja o que for, por reminiscências feudais que estão em
nossa cultura, por classismo dominador, talvez pela cultura consumista
que rodeia a todos, as repúblicas frequentemente em suas direções adotam
um viver diário que exclui, que se distância do homem da rua.
Esse homem da rua deveria ser a causa central da luta
política na vida das repúblicas. Os gobernos republicanos deveriam se
parecer cada vez mais com seus respectivos povos na forma de viver e na
forma de se comprometer com a vida."