realidade e ilusão | Hermano Vianna
"Pois não existe mais “o” Brasil, ou “um” povo brasileiro, interessado nas mesmas coisas ao mesmo tempo (por exemplo: na época da Copa houve outros megaeventos país afora, como o São João de Campina Grande e Caruaru, ou o Festival de Parintins, isso só para citar os mais óbvios). A grande mídia e as grandes marcas (que sustentam o mercado de mídia com publicidade) parecem não ter se dado conta dessa grande transformação ou não sabem lidar com um mundo cada vez mais complexo, com múltiplos interesses simultâneos. Por isso precisam bombar artificialmente uns poucos acontecimentos para atrair à força a atenção daquilo que antigamente se chamava grande público. E o investimento é tão grande que vira profecia autorealizável: impossível não criar manchetes ou comoções populares, incluindo recordes de mensagens nas redes sociais. Mas cola menos e menos: um jogo do Brasil sua para dar 40 pontos de audiência na TV aberta.
Se essas minhas insinuações fazem algum sentido, o tal “choque de realidade” que o Brasil vive depois do final da Copa deve ser interpretado também de maneira pouco habitual. A realidade é bem mais rica, com surpreendentes micropossibilidades plurais, do que a promessa de alegria uniforme gerada pela “ilusão” de um evento de massa, reproduzido em todos os “canais”."
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