A Copa do jornalismo preguiçoso

" Eu estava terminando uma reportagem quando recebi um e-mail de uma agência de notícias estrangeira perguntando se algum ônibus havia sido incendiado durante a greve dos motoristas naquele dia. Eles tinham visto cenas do último protesto no Rio e procuravam algo semelhante ao dessa “violenta raiva brasileira”. Não mencionaram a situação daqueles trabalhadores de classe média, cuja remuneração é insuficiente para suprir suas necessidades básicas, e enfatizavam os incêndios porque, é claro, “é isso que dá TV”.
Embora, do meu quarto de hotel em Copacabana, não fosse possível ver nada pegando fogo, procurei algumas fontes locais para ver se havia algo com rodas sendo incendiado em algum lugar e descobri que naquela noite os manifestantes do Rio estavam sossegados.
Quando respondi à agência (chamemo-la “americana”) que não havia nada de relevante em chamas, mas que eu provavelmente poderia enviar um relato sobre o cotidiano de um daqueles motoristas em greve, os e-mails pararam. Se não há carnificina, não há matéria."
leia a análise de Lawrence Charles>
A Copa do jornalismo preguiçoso - Reproduzido do RioOnWatch.org, 11/6/2014, tradução de Sylvia Moretzsohn, com a colaboração de Vinícius Damazio; intertítulos do OI | Observatório da Imprensa | Observatório da Imprensa - Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito