A GUERRA DO RIO: PACIFICAÇÃO EM XEQUE

Lançadas como salvação das favelas tomadas pelo crime em 2008, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estão sendo rediscutidas no Rio de Janeiro. Os recentes ataques de criminosos contra as UPPs lançaram a dúvida se elas deixaram de cumprir o papel para o qual foram criadas – promover a aproximação entre a polícia e as comunidades –, em um levante de tal proporção que a Força Nacional de Segurança Pública deve ser enviada à cidade
Ignacio Cano, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Lav-Uerj), afirma que sempre houve ataques contra as UPPs, agora eles estão mais intensos e concentrados em algumas regiões. Ele acredita que há uma crise no modelo, que precisava ter passado por uma reavaliação programada, mas isso nunca ocorreu.
Cano cita alguns problemas internos, como um consenso entre policiais de que trabalhar nas UPPs é um serviço de PM de “segunda divisão”. Outro fator é a localização das UPPs, que não ficam nas áreas com maiores índices de violência, como a Zona Oeste e a Baixada, e sim para garantir a segurança em pontos turísticos como a orla, a Zona Sul, o Centro e as proximidades de aeroportos.
Para Marcos Rolim, jornalista, mestre em sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista em segurança, o sistema de UPPs é positivo. Porém argumenta que o problema é a polícia fluminense, repleta de servidores corruptos e envolvidos em milícias tão letais às comunidades dos morros como os traficantes.
– A polícia tradicional do Rio é muito corrupta, muito violenta, cheia de vícios. Tentaram separar esses policiais das UPPs e estabelecer essa secção. Só que essa tentativa fracassa porque esses policiais acabam entrando em contato com o resto da polícia. E, a partir daí, acabam fazendo o que os outros policiais sabem fazer, que é prender pessoas, bater, torturar.
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