Sobre o discurso de Dilma na ONU
1. Acho que mandou muito bem, contundente, direto ao ponto, ao mesmo tempo sem meias tintas e sem romper nenhum protocolo da diplomacia (http://bit.ly/1fnaZ0v). Pelo peso e importância do Brasil, ajudou muita gente, desde outros países menores que talvez se animem a protestar contra a espionagem dos EUA até aqueles de nós que, nos EUA, estamos há um tempo lutando contra esses procedimentos de exceção instaurados depois do 11/09/2001 (desde a época em que se achava que Obama poderia, minimamente, ser um aliado: http://bit.ly/1fn9jUZ).
2 - Mandou bem cancelando a visita de Estado. Na ausência de pedidos de desculpas, explicações razoáveis ou pelo menos de boa fé, e ainda na acintosa sugestão de que as práticas vão continuar, não há por que manter uma visita desse nível. Também ajuda nações menores a tentar ser mais altivas.
3 - Mandaria bem se fosse, internamente, coerente com o que disse e deixasse de espionar -- ou permitir que uma agência de seu governo espione, o que dá na mesma -- os movimentos sociais brasileiros. Para não ir mais longe, resta sem desculpas ou explicações razoáveis a espionagem da ABIN sobre o Xingu Vivo (http://bit.ly/1fnbpUB)
4 - Mandaria bem se, em território nacional, demonstrasse a mesma preocupação com a espionagem realizada por empresas como a Vale, de vultuosos negócios com o Estado, sobre cidadãos brasileiros (http://bit.ly/13X5FcY).
5- Mandaria bem se, em território nacional, demonstrasse a mesma preocupação com a espionagem rotineira, paralegal, das polícias militares sobre cidadãos comuns, especialmente pobres e negros. Sendo a dona da chave do cofre, do megafone, e da maior maioria parlamentar do Brasil pós-ditadura, não dá pra se escudar na desculpa de que é um problema estadual.
É isso o que achei, pois. Dilma está de parabéns pelo discurso, estará de parabéns mesmo quando o feito for coerente com o dito.
- Idelber Avelar