Não são vândalos, são manifestantes: nota sobre os protestos em Belo Horizonte
A imprensa insiste em qualificá-los de “vândalos infiltrados entre os manifestantes”.
Quando a imprensa lança mão desse curioso artifício, não acredito que ela esteja falando dos policiais infiltrados que, segundo alguns relatos, agiram como agentes provocadores em dadas situações. A imprensa fala, nesse caso, de um tipo de manifestante que, por seu modo de agir, não mereceria o nome de manifestante, mas um outro, deletério, indigno, que ajudaria a criar uma dicotomia entre NÓS, pessoas de bem e de bens, cuja forma de manifestação se esgota em um caminhar ordenado por áreas permitidas, e ELES, que quebram coisas, desobedecem a polícia e, que muito embora comecem a fazer isso, geralmente, DEPOIS de um ataque da polícia, acabam, nesse tipo de discurso, por deslegitimar o “movimento” e por justificar a ação nada seletiva e abusiva da polícia militar mineira.
Os “vândalos” das manifestações de BH destoam muito da imagem identificada com a classe média universitária que, em muitas análises, constituem o núcleo duro do fenômeno. São ou parecem ser jovens de periferia, das vilas e favelas, para os quais a violência é uma linguagem cotidiana, ditada, muitas vezes, pela própria ação policial, pela ausência de aparatos de estado, por carências materiais múltiplas, pelo preconceito generalizado. Se este é um momento de catarse para a classe média, porque não seria para eles?
Pedro Munhoz (@pedromunhoz5) advogado e historiador.
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Quando a imprensa lança mão desse curioso artifício, não acredito que ela esteja falando dos policiais infiltrados que, segundo alguns relatos, agiram como agentes provocadores em dadas situações. A imprensa fala, nesse caso, de um tipo de manifestante que, por seu modo de agir, não mereceria o nome de manifestante, mas um outro, deletério, indigno, que ajudaria a criar uma dicotomia entre NÓS, pessoas de bem e de bens, cuja forma de manifestação se esgota em um caminhar ordenado por áreas permitidas, e ELES, que quebram coisas, desobedecem a polícia e, que muito embora comecem a fazer isso, geralmente, DEPOIS de um ataque da polícia, acabam, nesse tipo de discurso, por deslegitimar o “movimento” e por justificar a ação nada seletiva e abusiva da polícia militar mineira.
Os “vândalos” das manifestações de BH destoam muito da imagem identificada com a classe média universitária que, em muitas análises, constituem o núcleo duro do fenômeno. São ou parecem ser jovens de periferia, das vilas e favelas, para os quais a violência é uma linguagem cotidiana, ditada, muitas vezes, pela própria ação policial, pela ausência de aparatos de estado, por carências materiais múltiplas, pelo preconceito generalizado. Se este é um momento de catarse para a classe média, porque não seria para eles?
Pedro Munhoz (@pedromunhoz5) advogado e historiador.
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