Atleta olímpica da Somália morre em naufrágio a caminho da Itália
A notícia já é suficientemente trágica por si mesma: uma atleta olímpica morre em um barco depois de deixar para trás seu país, a Somália, em busca de um futuro melhor. Samia Yusuf Omar, atleta que participou dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, já não corre: segundo o jornal italiano “Corriere della Sera”, ela morreu ao tentar completar uma desesperada viagem de barco da Líbia para a Itália, possivelmente em abril deste ano.
Samia viveu seu momento de glória há quatro anos, ao chegar em último na prova de 200 metros, com uma marca de 32s16, dez segundos a mais do que a ganhadora. Seu maior prêmio foi a superação, e o estádio inteiro aplaudiu a atleta de apenas 17 anos, que surgiu para o mundo com um amplo sorriso, vestida de branco e azul. Em Mogadiscio, foi recebida sem qualquer pompa. Nem sua família pôde vê-la correr.
O feito em Pequim foi uma dupla libertação. A da mulher e a da atleta. Como mulher, seus passos deixavam para trás etapas como as ameaças de morte e as armas empregadas como argumentos para impedi-la de praticar esportes. Como atleta, aqueles metros de desfile, sob o olhar do mundo inteiro, representavam a despedida momentânea do conflito armado, das estradas bloqueadas que impediam os deslocamentos, do pai morto por uma bala perdida que encontrou o seu destino dentro das paredes de sua casa, da luta diária para conseguir algo para comer vendendo frutas.
leia o artigo de Ana Alfageme
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