Primavera árabe completa nove meses e bate à porta da Europa
Nem o Afeganistão nem a Líbia jamais tiveram instituições sólidas, ou um sistema judiciário à margem das tradições clássicas, ou uma classe média, e isso torna improvável que se transformem em sociedades do tipo ocidental em um futuro previsível. Acontece que as palavras "liberdade" e "democracia" funcionam nesses casos como código que justifica intervenções bélicas de tipo neocolonial, e encobrem tanto o desconhecimento como os interesses pouco confessáveis. |
O que já se intui com alguma clareza é que o livro de referência para interpretar esses compassos introdutórios não parece ser "O Choque de Civilizações", de Samuel Huntington, no qual se vaticinava uma era de conflito permanente entre o Ocidente e o islã, mas sim "Orientalismo", de Edward Said. Em sua obra, o ensaísta palestino proclamou que o Ocidente só era capaz de olhar para o mundo árabe através de um caleidoscópio de preconceitos e de um profundo complexo de superioridade, e por isso sua visão sofria uma distorção que de alguma forma alcançava a visão que os próprios árabes tinham de si mesmos. |
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