No meio da tarde você atende a uma chamada, e uma voz estranha pergunta: "Alô, Waldemar?"
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ANTONIO PRATA
É ASSOMBROSO que em pleno século 21, 135 anos depois de Graham Bell ter inventado o telefone, ainda haja pessoas incapazes de aceitar esta situação tão banal da vida cotidiana: o engano. Sem dúvida, o leitor sabe do que estou falando: no meio da tarde você atende a uma chamada e, do outro lado da linha, uma voz estranha pergunta: "Alô, Waldemar?".Read more at avaranda.blogspot.com
Seu nome não é Waldemar. Você não se casou com um Waldemar nem batizou assim qualquer um de seus filhos, de modo que só há uma explicação, simples e evidente: foi engano. Você engole o pequeno mau humor que escorre dos segundos perdidos, aceita a frustração de ter-se imaginado necessário ou querido em algum canto da cidade, no meio da tarde, quando, na verdade, era de um Waldemar que precisavam. Você diz, seco, mas não antipático: "Amigo, aqui não tem nenhum Waldemar: foi engano", e já está tirando o telefone da orelha, pronto a voltar a seus afazeres, quando a voz ressurge, indignada: "Como assim não tem nenhum Waldemar?".
Como assim, "como assim?!"?! O que passa pela cabeça do cidadão?
Que você é o Waldemar, mas está mudando a voz e fingindo ser outro só para não atendê-lo? Ou que você é um assaltante e invadiu a casa do Waldemar -que agora tenta gritar, amordaçado e amarrado a uma cadeira: "Mmmm! Mmmm!"?!
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