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    quarta-feira, fevereiro 16, 2011

    PALAVRAS: Jean-Pierre Filiu



    Não devemos olhar para o Egito com olhos do passado. A era dos líderes salvadores terminou. Esses jovens não querem um líder, um modelo. 

    Este problema é nosso, não deles. Nosso problema, nossa ansiedade, é ver alguém no lugar de Mubarak. Os egípcios não estão nem aí. Eles não fizeram esta revolução para substituir um Mubarak por outro. Se não entendermos esta mensagem, estaremos interpretando o movimento de uma maneira totalmente errada. Se houver pressa em chegar a uma conclusão de que agora é ElBaradei ou Moussa, corre-se o risco de cair nos mesmos erros do passado. Temos que entender que essa geração é jovem não apenas porque usa o Facebook ou o Twitter, ela é jovem porque não quer um pai que diga a ela o que é certo e o que é errado. A questão mais importante, para eles, certamente não é ter um líder. Tudo tem que ser reconstruído. Vai levar muito tempo, não se constrói um partido político ou um sindicato num piscar de olhos, nem mesmo uma ONG. Eles querem imediatamente o fim do estado de emergência, que gera vulnerabilidade a todos. Mas não estão correndo para encontrar um salvador. Eles estão sendo muito maduros, querem antes desmanchar esse aparelho de repressão. Para eles, o mais importante é a eleição para o Parlamento, não o voto para presidente. É fascinante ver como essa pressa vem de fora, não de dentro do Egito. 



    Filiu repete o que venho escrevendo. Os acontecimentos no Egito foram fascinantes não só pela contestação espontânea (e bem organizada) como por ser algo novo, uma outra geração, outras cabeças. Dogmas antigos não exercem interesse. Pode nem dar em nada agora, mas... o mundo está mudando...

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