Um album de retratos antigos
Um album de retratos antigos.
Como tantos outros, mostra um grupo de jovens e adultos se divertindo,
tomando sol em espreguiçadeiras, dançando ao som de acordeons, e
fazendo palhaçadas para a camera.
Numa foto, a decoração para uma festinha de Natal.
Mas é um album horripilante.
Não pelas fotografas em si, mas pelo local onde foram tiradas e o imenso contraste, o abismo, a fenda profunda entre as cenas focadas e o que se passava ao seu redor.
O album de fotografias é de um alemão chamado Karl Hoecker, um dos comandantes-adjuntos no campo de concentração de Auschwitz. Foram tiradas entre maio de 1944 e janeiro de 1945, quando a máquina de matanças de Auschwitz estava no auge.
Os fornos cremátorios, que eliminavam 132 mil pessoas por mes (12 pessoas por minuto), não davam conta da demanda.
Fora os que definhavam à mingua mortífera antes mesmo de entrarem no gás.
Mas não estão ali as tradicionais imagens de cadáveres ambulantes ou valas de defuntos empilhados. São pessoas normais nas folgas de um emprego qualquer.
Retrata-se os soldados e as secretárias, as datilógrafas, os salões sociais e os recantos bucólicos em torno de Auschwitz.
Pelas fotos, realmente, o Holocausto não acontecia. E pelo seu contraste são das coisas mais contundentes a sair daquele inferno.
O album apareceu no ano passado e algumas de suas imagens podem ser vistas aqui.
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