Olha o Holocausto aí, gente!
(roubei o titulo de uma seção Logo editada por Arnaldo Bloch ontem no Globo)
Max Bialystock era um produtor de peças na Broadway. Muito do picareta, armou um esquema de arrecadação mais bem bolado do que esses de alguns produtores brasileiros atrás de incentivos fiscais.
Ele vendia direitos sobre porcentagens da bilheteria das peças para velhinhas incautas amantes das artes e das bajulações que eles lhes dirigia. Claro que se somando as porcentagens todas essas acionistas teriam mais de 1000% das rendas!
As peças portanto teriam que dar prejuízo, ser um fracasso retumbante, pois assim não haveria retorno para ninguem e o prezado Max ficaria com todos os investimentos. Então ele e seu comparsa, um advogado ingenuo, queimaram a mufa buscando o que poderia ser um fracasso certeiro, detestado pelo publico, esculhambado pela crítica: a pior montagem de todos os tempos.
Encenaram então uma versão musical do Terceiro Reich, com a Ascenção e Queda do Nazismo, com direito a sapateados do Holocausto e tudo o mais. Hitler era a personificaçao total do mal - mas do mau Teatro, com tudo de ruim que um ator canastrão poderia mostrar em cena.
E assim nasceu "Springtime for Hitler" (Primavera para Hitler) uma peça tão ruim, tão chocante, tão idiota, tão sem-noção e ridícula e não-histórica e histérica que virou um fragoroso sucesso.
Lembrei de Max (e de Zero Mostel) acompanhando a polemica sobre a escola de samba Viradouros e o carro alegórico do Holocausto a deslizar pelo Sambódromo, com um Hitler sambando sobre corpos emaciados amontoados nas valas de isopor.
Seria Paulo Barros um Bialystock do carnaval carioca?