É Papo Firma
Depois da cidade de São Paulo ter acabado com os outdoors paineis e demais tranqueiras visuais que dominavam as ruas, o estado de São Paulo acabou de dar uma tacada legal ao espanar para o oblívio uma exigencia burocrática arcaica que servia apenas para engordar os bolsos dos donos de cartórios (aliás, os próprios cartórios, hereditários, são remanescentos arcaicos do colonialismo cartorial brasileiro).
Extinguiu-se a figura do reconhecimento de firma - no que os demais Estados deveriam seguir.
Autenticações de cópias, reconhecimento de firmas, paga-se (muito) a cada folha de papel em que os cartoriantes batem seus carimbos e colam seus selinhos. Que, na verdade, nada atestam. Os funcionários pegam suas fichas ensebadas - ou, agora, abrem seus monitores tipo VGA - dão uma olhada por alto, passam para a mulher grossa sentada a uma mesa ao fundo, que também nada ve, e te devolvem o papel no guiche, e aí voce paga. (Sem mencionar as filas de cartórios.)
Que reconhecimento é esse? Qualquer falsificação amadora passa direto.
Cito um exemplo próprio. Às vezes vou ao Centro
- obrigado que sou a ter minha firma firmada em papéis reconhecidas por notários notáveis -
a um cartório onde "registrei" minha firma ainda na década de 70.
Por motivos grafológicos e psicológicos e mesmo pela idade a minha assinatura mudou muito de lá para cá. A própria quantidade de papéis que tive de assinar nos meus breves anos de funcionário público me fez agilizar o rabisco do nome.
No entanto, embora as assinaturas a serem cotejadas são bem diferentes agora, ninguem comentou ou levantou isto no cartório, "reconhecendo" assinaturas que um falsificador de dez anos não assinaria como sendo identicos.
Por falar em burocracia,
alguém se lembra do atestado de bons antecedentes?
Parece incrível quando conto que existia tal exigencia idoneidante.
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